quarta-feira, 23 de maio de 2012

Estádio Bento Colosso de Freitas - 23 de maio de 1943

Hoje é aniversário do Estádio Bento Colosso de Freitas e isto, por si só, é motivo de grande regozijo. Quem lembrou-me desta grande data foi o Juliano Freitas, grande torcedor e pesquisador Rubro Negro que fez parte da equipe que organizou o Livro Identidade Xavante.
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Estádio Bento Freitas
Para o futebol Rubro Negro, 1939 não foi um ano de destaque, mas aconteceu a grande conquista do G. E. Brasil, ou seja, a compra de um terreno a rua 13 de Maio, atual Princesa Isabel, para a construção do seu novo estádio.
Inicialmente o G.E. Brasil não tinha seu próprio estádio e seus jogos durante um tempo foram realizados no campo dos adversários. Foi então que o Dr. Augusto Simões Lopes cedeu aos rubro-negros um terreno de sua propriedade localizado na Estação Férrea. Aí foram disputadas memoráveis partidas que fizeram vibrar o público que cada vez mais era atraído pelo futebol que se aprimorava, constituindo-se em belos espetáculos. Nesta época e por muito tempo, os Xavantes eram conhecidos como “Os Negrinhos da Estação”.
Seu presidente, neste ano, Bento Mendes de Freitas, agitava seus diretores e torcedores no sentido de darem o início as obras tão almejadas.
Em 1940, Bento Mendes de Freitas procurou o sr. Paulo Viola (funcionário da Livraria Mundial), para que desenhasse o novo distintivo do Clube, surgindo então o distintivo conhecido nacionalmente, oriundo e inspirado em panóplias e brasões espanhóis.
Em 1941, novamente o Brasil brilhava no campeonato conquistando mais um título de campeão, sagrou-se tricampeão da cidade nas equipes reservas e bicampeão da Taça Eficiência, sob o comando do desportista Bento Mendes de Freitas, em sua segunda gestão.
Poucos na história tiveram o sucesso alcançado em sua administração como Bento Mendes de Freitas. Demonstrando grande capacidade e arrojo, não só construiu o estádio, seu sonho maior, como manteve o time brioso em suas conquistas dentro do campo. Além disso, sua visão de grandeza dotou o G. E. Brasil com um dos distintivos mais lindos, estando em pé de igualdade em beleza e mensagem exposta no símbolo maior de uma agremiação com os mais belos e criativos entre todos os distintivos dos clubes brasileiros. Panóplias, eram os escudos usados na Grécia antiga e significa “todas as armas”. Na verdade, eram a armadura completa do soldado hoplita, principal guerreiro da Grécia antiga, soldado de infantaria pesada que carregava um grande escudo chamado hóplon, dando origem ao nome dessa legião de combatentes corajosos e determinados.
É impressionante a identificação do torcedor Xavante com a origem de seu distintivo. Teria Paulo Viola prenunciado tal semelhança? Ou realmente, já naquela época, a torcida do G. E. Brasil era, de fato, a mais pujante, a mais aguerrida e a mais fanática das plagas gaúchas? Sim, porque pode haver outras de igual magnitude, mas de certo que nenhuma a supera em beleza e vibração.
De 1939 a 1943 muito trabalho e verdadeiras batalhas tiveram os Rubro Negros liderados por Bento Mendes de Freitas. Na verdade, muitos não acreditavam ser possível concretizar tamanho sonho e a luta interna era a mais acirrada. Vencidos os obstáculos, os torcedores Xavantes assistiram a inauguração do Estádio Rubro Negro no dia 23 de maio de 1943, num jogo amistoso do G. E. Brasil com o Força e Luz, de Porto Alegre, considerado, na época, um grande acontecimento esportivo. A emoção tomou conta tanto dos Rubro Negros quanto da própria cidade que assistia envaidecida a afirmação de seu grande representante na seara esportiva. Coube a Birilão a felicidade de fazer o primeiro gol do G. E. Brasil no estádio que nascia para a glória da Nação Xavante.
A partir daquele jogo intermunicipal inaugural não pararam de acontecer grandes e memoráveis vitórias do Rubro Negro em seus redutos. De lá para cá, muitas partidas aconteceram no Estádio Bento Freitas, nome que recebeu em homenagem a seu grande idealizador e ferrenho batalhador por sua construção. Já no primeiro Bra-Pel realizado na Baixada, apelido carinhosamente atribuído a esta praça de esportes, com um placar de G. E. Brasil 3 X 1 E. C. Pelotas, ficou bem claro quem mandaria nesses domínios. Outro que “tem o seu nome gravado na história” é o atleta Xavante Mortoza, autor do primeiro gol nesse maravilhoso clássico.
Localizado a rua João Pessoa, 694 e com uma capacidade de aproximadamente 20.000 torcedores, não raras vezes o campo do Brasil fica pequeno ante a avalanche de torcedores que se fazem presente nas inúmeras decisões que têm acontecido ao longo dessa brilhante trajetória Rubro Negra. As dimensões de seu gramado é de 105m x 70m e a grama é a Bermuda Green. Há uma grande controvérsia sobre o maior público presente neste ninho de sonhos. Uns dizem que foi no jogo G. E. Brasil 1 X 0 C. R. Flamengo no dia 21 de março pelo Campeonato Nacional de 1984, numa das mais lindas vitórias Xavantes que se tem conhecimento. Assistiram essa memorável partida 21.115 pessoas. Outros, apontam o grande jogo ocorrido entre G. E. Brasil X Grêmio F. P. A. Atrevo-me a acrescentar a esta lista o Bra-Pel 348, o Bra-Pel do Centenário, ocorrido no dia 04 de setembro de 2011 quando a Baixada recebeu um espetacular público para mostrar G. E. Brasil 1 X 0 E. C. Pelotas. Com um gol de Athos aos 42 do segundo tempo, a Torcida Xavante festejou como nunca no Estádio Bento Freitas.
“Se pudesse e não parecesse um incômodo ou impertinência, estaria no Bento Freitas esta tarde. Foi lá que que tive as mais profundas experiências de um estádio de futebol. Já os vi (estádios) de todos os tamanhos e os senti. Wembley é o mais solene, grandeza como a do Maracanã não há outra, em Turim cravaram no meu coração o Delle Alpi de Maradona e Caniggia, o Sarriá ainda dói, e o estádio do Everton, em Liverpool, será sempre a minha maior vergonha. Mas o Bento Freitas é uma experiencia de elevação, dor e alegria, de superação dos indivíduos convertidos numa massa se movendo para cima e para baixo, para os lados, ao som dos trompetes e dos tambores, com todos os gestos, como na noite do jogo contra o Flamengo, ou tantas outras, bem menos glamorosas, mas de febre alta e tensão de pele. É ISSO, NÃO HÁ ESTÁDIO MAIS HUMANO!!”  - Ruy Carlos Ostermann - Zero Hora

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